Com cores, temas diversos e histórias para contar, os quadrilheiros pensam, buscam recursos, encontram os profissionais, costuram os figurinos, ensaia… haja fôlego para transformar os arraiás em grandiosos espetáculos. A rotina cansativa sempre é recompensada quando a apresentação é finalizada com êxito e, quem sabe, até com a chegada de um novo título.

"Quem pensa que tudo é um mar de rosas não é, como em tudo na vida. Às vezes tem perrengues, então em um grupo junino não é diferente, porém há algo bem maior que isso que se chama a paixão pelo movimento junino. Quem dança e faz quadrilha hoje faz por amor a dança, a arte, a cultura, ao movimento junino. O que move um quadrilheiro hoje é o amor", declara Glauber Alves, produtor executivo do Grupo Cultural Junino Luar do São João, que participou do podcast Papo Aberto TD.

Da ideia a concepção

Com mais de 10 anos de existência, a Luar do São João, tem alcançado importantes títulos locais, estaduais, regionais e nacional, por intermédio da circulação de espetáculos de artes cênicas voltados aos espetáculos juninos. Para colocar em quadra mais de 60 pares em sintonia e elaborar um espetáculo, é preciso reunir um grupo de especialistas que trabalham desde elaboração da ideia, à distribuição de tarefas para os setores desenvolverem o enredo.

"Temos uma direção composta por quatro pessoas, além disso temos os projetistas que são os responsáveis por elaborar os sistemas, por criar, ser inusitados. Um dos maiores nomes é uma pessoa que vem de Recife, chamado Anderson Gomes, ele é responsável por alas do Galo da Madrugada. Junto dele, vem o diretor artístico e coreógrafo da Bahia, chamado Marcio Fideles. Os dois juntam as ideias, adaptam e depois entram os outros segmentos. Posteriormente eles entram em contato com a diretora de música de Natal (RN) e junto a isso, os diretores gerais de Teresina vão acompanhando e ajudando a desenvolver o tema", conta.

Papo Aberto TD: apresentador Pedro Silva e Glauber Alves

Ele explica que após desenvolver a ideia com os projetistas, os próximos passos são delegados a outros setores da quadrilha. "Depois do projeto feito aí entra as outras partes que é captar novos quadrilheiros, do figurino e adereços, a coordenação de produção pensa no cenário. É uma ideia que surge dos nossos projetistas e depois divido para todos os segmentos da Luar do São João. É uma fábrica, uma empresa. Vale ressaltar os trabalhos também a coordenação de dança que é o pessoal que ensaia. O coreógrafo Marcio Fideles passa uns dias em Teresina juntando os passos e quem fica aqui com a gente vai desenvolvendo. Tudo vai acontecer ao longo de oito meses".

O trabalho dos avaliadores

O circuito competitivo no São João iniciou há quatro ou cinco décadas. Por isso, a tarefa de analisar critérios técnicos na manifestação da cultura popular se inspira em outras festas. Diversos quesitos são avaliados ao longo de cada espectáculo. Glauber conta que os avaliadores passam por um processo de estudo para ter o olhar direcionado para julgar cada critério estabelecido.

"Os avaliadores são capacitados, passam por uma formação que é acompanhada rigorosamente. Eles passam dias, meses estudando sobre o movimento junino, sobre a dança, formação da quadrilha para que possam estar de fato capacitados para a banca avaliar a roda. Os jurados querem ver a perfeição, um grande espetáculo. Eles avaliam o figurino, a coreografia, a harmonia do grupo, evolução do espetáculo que deve ser muito bem contato, o cenário compõe de fato a história, o contexto", explica.

Ainda no podcast Papo Aberto TD, Glauber Alves fala ainda sobre a importância dos quadrilheiros para cultura popular; como acontece o processo de seleção para novos componentes e muito mais.

Confira a íntegra do bate-papo também pela TV Teresina Diário.